Minha história parte 2: Meus pais diferentes...
Papai e mamãe eram muito diferentes dos "papais e mamães" dos meus amigos. Todo mundo queria ter um pai e uma mãe como a gente, pq eles eram bem mais "light" dos que os pais dos outros. Também...Eles tinham tanta coisa para fazer com a vida deles que não tinham tempo para ficar nos "pentelhando". Meus pais não eram aqueles pais que "viviam e morriam" pelos filhos, pelo menos, não diretamente. Eles lutavam por um mundo melhor, e nós estávamos incluídas no mundo, não?
De qualquer forma, minha vida era interessante para a maioria dos reles mortais que dormiam, acordavam, comiam e voltavam a dormir, para acordar no dia seguinte e ficar naquela rotina estúpida. A minha rotina era exatamente não saber o que seria no dia seguinte. Eu nunca sabia...
Era passar a semana toda tentando adivinhar se teríamos paz ou se teríamos que nos preparar para uma guerra no fim-de-semana quando meus pais iam armar sua barraca na Feira de Artesanato que eles lutaram para ser auto-gerida pelos próprios artesãos, sem a intervenção do Estado (prefeitura,no caso).
Eu já tive que aguentar tropa de choque para nos retirar da Feira, tapumes que cobriam a praça, para nos impedir de montar as barracas. Já fiz vigília à noite, durante uma semana, dormindo nos bancos ou em carros, em protesto e atitude de resistência, já tivemos que brigar com fiscais várias vezes com o ferro da barraca na mão ameaçando tacar na cabeça do primeiro que viesse mecher no nosso material ou tentar desmontar nossa barraca. Já tive que acatar ordem de juiz sob forte policiamento, já desacatei ordem de juiz. Perdi a conta de quantas vezes meus pais foram presos e de quantas vezes apanharam ou de quantas vezes eu chorei sem saber se iam voltar para casa.
Já perdi a conta de quantas vezes fomos para os jornais, televisão e rádio (dos jornais, meu pai tem umas caixas de papelão com todas as reportagens) . Já fomos ameaçados de morte, já vi meu pai enfrentar arma apontada para sua cara. Já vi tantas traições que nem sou mais capaz de julgar homem nenhum, acho até normal ter um amigo um dia , que "vive "na minha casa, brinca com meus filhos mas depois me trai como se nada tivesse acontecido. Já vi tanto isso acontecer que não me assusto com mais nada e isso é muito positivo, pq não me decepciono com ninguém. Acho tudo muuuito normal...
Meus pais nunca implicaram com minhas roupas. Eles até nos incentivando a ter nosso próprio estilo, davam dicas, etc. Quando era adolescente, até imitava meus pais. Minha irmã do meio pintou uma camisa parecida com a que meu pai usava quando era hippie. Mesmo com toda esta liberdade que a gente tinha, eu não via muito com o que me rebelar. Continuava sendo responsável, continuava me preocupando com os estudos e pensando no futuro. Acho que eu era a única adolescente que me preocupava com o que "ia ser quando crecesse"(rssss). Deixei o tempo da "porralouquice" para agora, depois dos 30.
Continua...
De qualquer forma, minha vida era interessante para a maioria dos reles mortais que dormiam, acordavam, comiam e voltavam a dormir, para acordar no dia seguinte e ficar naquela rotina estúpida. A minha rotina era exatamente não saber o que seria no dia seguinte. Eu nunca sabia...
Era passar a semana toda tentando adivinhar se teríamos paz ou se teríamos que nos preparar para uma guerra no fim-de-semana quando meus pais iam armar sua barraca na Feira de Artesanato que eles lutaram para ser auto-gerida pelos próprios artesãos, sem a intervenção do Estado (prefeitura,no caso).
Eu já tive que aguentar tropa de choque para nos retirar da Feira, tapumes que cobriam a praça, para nos impedir de montar as barracas. Já fiz vigília à noite, durante uma semana, dormindo nos bancos ou em carros, em protesto e atitude de resistência, já tivemos que brigar com fiscais várias vezes com o ferro da barraca na mão ameaçando tacar na cabeça do primeiro que viesse mecher no nosso material ou tentar desmontar nossa barraca. Já tive que acatar ordem de juiz sob forte policiamento, já desacatei ordem de juiz. Perdi a conta de quantas vezes meus pais foram presos e de quantas vezes apanharam ou de quantas vezes eu chorei sem saber se iam voltar para casa.
Já perdi a conta de quantas vezes fomos para os jornais, televisão e rádio (dos jornais, meu pai tem umas caixas de papelão com todas as reportagens) . Já fomos ameaçados de morte, já vi meu pai enfrentar arma apontada para sua cara. Já vi tantas traições que nem sou mais capaz de julgar homem nenhum, acho até normal ter um amigo um dia , que "vive "na minha casa, brinca com meus filhos mas depois me trai como se nada tivesse acontecido. Já vi tanto isso acontecer que não me assusto com mais nada e isso é muito positivo, pq não me decepciono com ninguém. Acho tudo muuuito normal...
Meus pais nunca implicaram com minhas roupas. Eles até nos incentivando a ter nosso próprio estilo, davam dicas, etc. Quando era adolescente, até imitava meus pais. Minha irmã do meio pintou uma camisa parecida com a que meu pai usava quando era hippie. Mesmo com toda esta liberdade que a gente tinha, eu não via muito com o que me rebelar. Continuava sendo responsável, continuava me preocupando com os estudos e pensando no futuro. Acho que eu era a única adolescente que me preocupava com o que "ia ser quando crecesse"(rssss). Deixei o tempo da "porralouquice" para agora, depois dos 30.
Continua...

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