Tuesday, June 27, 2006

Eu


Bem...Esta sou eu....

Vivemos a sociedade do falo (ainda...)

Vivemos a sociedade do falo (ainda, infelizmente). Recentemente separada (morei junto durante 3 anos), tive que escutar a seguinte indagação:

-Separou porquê? Ele te traiu?

- Não, ele não me traiu. Pelo que sei ele sempre foi muito fiel durante estes anos.

E a pessoa embascada:

- Então, ele bebe, cheira, fuma???

E eu:

- Não, tb não! Que horror!

E a pessoa, ainda surpresa, com o queixo caído de tanto espanto:

- Então, ele te batia, tinha ciúme de você!

E eu:

- Fala sério! E eu lá vou deixar homem me bater! Ele também não tinha ciúme de mim, e nem eu dele.

- Então...Não entendo...

- Nem eu....

Realmente, nem eu entendo, porque pela sociedade em geral, eu sou uma louca, eu dispensei um “HOMEM”.
O que acontece é o seguinte: não posso dizer por todas as mulheres, mas para a mulher que sou hoje em dia, estar somente com um homem não me basta. Talvez eu seja diferente de todas as outras mulheres (espero que não), mas não acredito que só serei feliz estando casada. Eu consigo e sou feliz, estando solteira.
Eu sou realmente romântica, acredito mesmo no amor, porque vejo o amor como algo livre. Olho em volta percebo os relacionamentos entre homens e mulheres como uma prisão. As pessoas presas por regras e responsabilidades que elas mesmas criaram. E se lamentando por isso. Se casam de papel passado, têm filhos criando um elo maior entre o casal (como se filho fosse “dar liga”) e depois reclamam por não conseguirem se desvencilhar. Para falar a verdade, acho que o ser humano é o único responsável (claro, há algum outro?) por sua vida de martírio. Não acreditamos no amor, e nem damos chance de que ele se crie nesta sociedade, pois já o matamos com todas estas regras.
Uma mulher que se separada do seu marido, sem ter um motivo que todos aceitem como um motivo “plausível”, mesmo que o seja para ela, é considerada, no mínimo, fútil ou mimada. E o pior, é que são as próprias mulheres que te agridem, quando deveriam, te apoiar, simplesmente pelo fato de você não estar satisfeita de alguma forma
Mas nós não lutamos por satisfação , só vivemos em função das nossas “obrigações”. Colocamos estas ditas “obrigações” num altar e rezamos para elas todos os dias. Aliás, a vida é uma grande penitência para a maioria das pessoas. Seria tão melhor para o ser humano se ele vivesse de acordo com o que sente e para o que deseja! Não seríamos mais escravos de nós mesmos, pq na verdade, tudo é só uma projeção nossa. O mundo não é tão ruim assim e nem mesmo Deus é tão vingativo, pq ele também é uma projeção dos nossos mais angustiantes problemas e do inferno que é nossa própria cabeça.
Só sei que procuro o amor, e sei que ele é livre, e que para encontrá-lo, eu também devo ser, além de corajosa,pois é necessário ter coragem para iniciar esta jornada aos 32 anos, idade em que muitas já estão casadas e com filhos (porém, não muito felizes). Uma psicóloga me disse que meu problema é falta de tolerância, mas esqueceu de me dizer, onde entra este sentimento numa relação em que não há amor, mas só o medo de estar só. Onde o prazer já foi abolido da relação, onde só as responsabilidades e a obrigação (novamente a obrigação) de continuar permanecendo foi o que sobrou...Não, a tolerância é para ser usada quando há amor . Ela é uma ferramenta útil, em relações com significado, daquelas que você e outro, evoluem como seres humanos, ao contrário de se denigrem cada vez mais... E quando digo denegrir, quero dizer “degenerar”, “apodrecer”, deixar de ser “humano”, para ser simplesmente uma instituição que segue...
Existem pessoas que escolhem a mentira para suas vidas, e outras, a verdade .
Viver é difícil, ninguém nunca disse que seria fácil, mas você pode escolher entrar no palco e atuar na peça , ou ficar só no banco sentado como mero espectador. Aí é com vc...Mas se ficar no banco, não reclame dizendo :“este foi meu destino”, em tom melodramático, como se você nunca pudesse sair do barco na primeira oportunidade, pois sempre há uma oportunidade para àqueles com menos iniciativa.
Eu não estou dizendo para as pessoas nunca se casarem (quem sou eu!). Casamento é bom. Pelo menos naqueles filmes de comédia romântica, é uma beleza! O problema é que eles não são realidade, só isso! E é por isso, que é arte, quer dizer, o cinema e todas as outras artes, sempre mostram o ser humano melhor do que ele realmente é.
Sei lá, talvez eu esteja sendo pessimista ou talvez, espere demais das coisas. Talvez eu tenha transtorno bipolar...rsrsrs. Mas como viver tendo vontade de ir às alturas, mas com uma realidade fria e medíocre? Como encontrar equilíbrio nisso? Cada vez mais acho que a gente caiu neste mundo de pára-quedas. Agora, já começo a achar que Deus é sádico (minha projeção), e gosto mais dele assim ,eu transaria com Deus se ele fosse homem (ué, todo mundo fala do amor à Deus, eu falo de fazer sexo com ele e daí???) Rsrsrsr
Deus...Coitado, ele nem tem culpa de nada. Acho que nem existe...
A verdade é que hoje em dia, estou mais como Vinícius de Moraes:
“Que seja eterno enquanto dure”,
nem que este momento, seja o de um olhar, um gesto, um toque.... Se o casamento for estragar isso, eu o odeio a partir de hoje e digo: abaixo o casamento! Aliás, abaixo a gente mesmo que quer se casar, que criamos esta instituição “sagrada”. Abaixo às mulheres que fazem qualquer coisa para ter alguém que deixe o assento levantado ao sair do banheiro e que dão um respiro de alívio por ter um homem em casa. Abaixo nós mulheres, que queremos tanto ter um filho e uma família que nem olhamos para o cara que está do nosso lado na cama , a não ser na hora de transar, quando gozamos e viramos para o lado depois (e nem nos importamos se ele gozou também). Nós também usamos, paremos de ser hipócritas!!! E isso é tão ruim para o homem quanto para a mulher. São por motivos nobres (ter filhos)??? Usar nunca é nobre. A gente vive mesmo a sociedade do falo, mas nem sempre é o falo masculino, pois o clitóris às vezes é tão dominador quanto o pênis. Pelo menos, isso eu aprendi sendo mulher, ou seja, a não usar os outros, seja por qual motivo for...
Queria concluir este texto, com algo positivo para dar a todos, mas eu não tenho.
“Minhas ilusões estão todas perdidas”. Tudo bem...Ilusão nunca foi coisa boa mesmo...
No mais, a Sociedade do Falo é tudo isto aí: o casamento, as regras, as convenções, a “morte do amor e do prazer”, a preservação da sociedade colocando mais e mais humanos dentro dela, porém sem nenhum significado, ou seja, estar vivo sem “viver realmente”, sem alma, somente corpo. Filhos? Quero sim, quero muito, mais do que muitas mulheres por aí, mas não deste jeito, não com estas regras, esta “forçação de barra”... Porém, podemos mudar, pelo menos para mim, já vejo a luz no fim do túnel : só sendo livre para ser realmente feliz em todos os sentidos.