Saturday, July 01, 2006

A mulher e o açoite

Outro dia, conversando com uma pessoa, me surgiu a seguinte questão na cabeça: o que nós mulheres queremos? E eu mesma respondi mais rápido que um raio: tudo!
E “tudo”significam, as mínimas coisas e mais um pouquinho. Àquelas futilidades sabe? Aquelas besteirinhas que não nos damos conta, mas que fazem um bem danado para a alma. Queremos a “alienação”, não no sentindo pejorativo da palavra, mas sim no que significa estar sem pensar em nada, só nas coisas menos importantes. Porém, existe um motivo para querer isso agora. E eu posso deduzir qual é...
Nós mulheres vivemos submissas durante um bom tempo. Caladas, inseguras e oprimidas, conseqüentemente, revoltadas e muitas de nós, não bem resolvidas, vingativas. “Abriu-se a portão para a mulher” e saímos correndo feito loucas, derrubando cercas, pisando em canteiros, correndo pelos prados verdejantes, tomando banho nuas nos rios, e ainda estamos assim... O mundo é como se fosse a Natureza, o ar livre e queremos respirar...
Tanto tempo cuidando da casa, dos filhos, do marido, da família, preservando as tradições, sendo um elo entre as gerações, a responsável pela continuação da vida, a procriação, responsabilidades demasiado pesadas em nossos delicados ombros. E o chicote açoitando...
Agora , o que queremos é tomar um chopp na esquina com nossas amigas. Como fazem os homens , só que muito melhor, porque chopp contém muitas calorias, então vamos de suquinho mesmo ou refrigerante diet (temos que saber separar o joio do trigo, não é? Aprendemos com nossos maridos e pais alcóolotras).
Nós mulheres....Ah, como aprendemos a viver! Mesmo debaixo de todo aquele açoite, amarradas no tronco, conseguimos refletir e sonhar com o mundo que temos agora, que ainda não é o ideal, mas que será após a última mulher do último lugar do mundo dizer: estou plenamente saciada! Matei minha vontade!
Mulher sempre será mulher, mas uma mulher satisfeita é mil vezes mulher....Só assim podemos ser mães tranquilas, companheiras felizes, e amantes extremamente sensuais. Só assim, podemos fazer todas à nossa volta felizes também, além de nós mesmas, que é o mais importante.
Eu não preciso que me digam o que fazer, por isso sou livre. Já provei para o mundo e para mim mesma que consigo qualquer coisa e faço muito melhor. Não somos incapazes, como nos disseram a vida inteira. Somo tão humanas e tão capazes como qualquer outro ser humano. E é tão linda toda esta força doce, macia da mulher...Esta coisa que não se impõe pela violência, somente pela moral, pelo que é certo e verdadeiro. Uma maturidade conquistada à duras penas, um olhar correto sobre a vida, uma retidão que não se desfaz nem com o maior terremoto. Saber viver é tão difícil, mas estamos quase chegando lá. Trabalhando para criar os filhos, amando para não ressecar por dentro, sonhando para esquecer que uma parte da gente é também divina e mágica e tudo pode. Chorando as perdas, sentindo a dor nas horas próprias para também não esquecer que mais divino que Deus é ser homem. Procriando sim, gerando vidas sim, porque ser mãe é uma coisa fantástica. Sendo feliz em cada passo, sendo livre em cada momento.
Para as mulheres que ainda não entenderam o recado eu digo: acordem, façam o que lhes dá na telha, atendam aos seus mais escondidos desejos, realizem seus mais preciosos sonhos, vão atrás do que querem e conquistem, nem que sejam as estrelas.
É importante para a mulher ter um objetivo diferente de casar e ter filhos meramente. Ela precisa ter um sonho diferente desse. Então, quem ainda está perdendo tempo, não perca mais. Esqueça o açoite, ele ficou lá para trás, a responsabilidade pela manutenção da vida é de todos e não só nossa, paremos de jogar tudo para nossas costas...

0 Comments:

Post a Comment

<< Home